domingo, 1 de julho de 2007

ETA: Espanha em alerta com fim de trégua

O grupo terrorista basco ETA decretou o fim da trégua de 15 meses e acusou o governo espanhol de perseguição política e tortura de presos. As forças de segurança estão em estado de alerta. ETA decreta fim de trégua Grupo terrorista basco alega falta de espaço político e põe Espanha em alerta MADRI Aorganização terrorista basca ETA anunciou ontem que a partir de hoje retornará a luta contra o governo espanhol "em todas as frentes", encerrando um cessar-fogo iniciado em 24 de março de 2006. O presidente do governo espanhol, José Luis Zapatero, em pronunciamento à população, disse que Madri não vai ceder a qualquer ameaça terrorista, mas sofreu críticas do principal partido de oposição, que o acusou de ser condescendente com o grupo nos últimos meses. O governo decidiu manter as forças de segurança em estado de alerta de nível 2, um dos mais elevados, que já estava em vigor desde fevereiro, no início do julgamento dos suspeitos dos atentados do 11 de Março. Tenso, Zapatero disse ontem que o ETA já terminara o cessar-fogo ao explodir um carro-bomba no estacionamento do aeroporto de Barajas, em Madri, matando dois equatorianos em 30 de dezembro. - Hoje o ETA tomou a mesma decisão que outras vezes no passado e, agora como antes, volta a errar - disse o presidente. - A resposta a esse novo erro será a que sempre foi dada pelos governos da Espanha, as forças democráticas e a sociedade em seu conjunto. Uma resposta ancorada na defesa comum dos valores e instituições democráticos, na estrita aplicação do Estado de direito, na eficácia das forças de segurança do Estado e na cooperação internacional. Horas antes, o grupo separatista ETA (iniciais de Pátria Basca e Liberdade), num comunicado publicado nos jornais bascos "Berria" e "Gara", responsabilizara Madri pelo fim da trégua. "Desapareceram os disfarces. A disposição de Zapatero se converteu num fascismo que deixa partidos e cidadãos sem direitos", afirmou o grupo, acusando o governo de tortura e prisões. A decisão do grupo - fundado em 1959 e que desde 1968 matou mais de 800 pessoas - parece ter sido tomada em reação à posição do governo nas eleições municipais de 27 de maio. Madri, que já banira o nacionalista Batasuna (considerado o braço político do ETA) em 2003, impediu vários partidos que serviriam de testas-de-ferro para o grupo de lançarem candidatos, no que o ETA chamou de "eleições antidemocráticas". Coincidentemente, o último grande período de trégua do ETA, entre setembro de 1998 e dezembro de 1999, durou o mesmo número de dias que o terminado hoje: 439. O primeiro ataque após o fim do cessar-fogo anterior ocorreu após um mês e meio, em 21 de janeiro de 2000. O governo do País Basco, do partido autonomista moderado PNV, considerou a nota do ETA uma "brincadeira macabra", referindo-se ao fato de o cessar-fogo ter acabado, na prática, com o atentado de 30 de dezembro. - Em nome de quem atua o ETA? Em nome do povo basco, não - disse a porta-voz do governo, Miren Azkarate. - Nós, bascos, sabemos defender nossos direitos democraticamente. Zapatero pediu apoio unânime de todas as forças políticas do país e marcou uma reunião com Mariano Rajoy, líder do principal partido da oposição, o PP. Rajoy, porém, exigiu que "o governo retifique" suas ações contra o ETA e "deixe de ambigüidades", referindo-se às negociações com o grupo. Desde o ataque ao aeroporto os contatos com o ETA - iniciados em junho de 2006 - estavam interrompidos. Nos últimos meses as autoridades apreenderam armas e descobriram cartas de extorsão para empresários bascos. O chefe da Polícia Civil, Joan Mesquida, afirmou ontem que "em momento algum estivemos em trégua". Ele disse que mais de 300 membros do ETA foram presos no período do cessar-fogo.

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